19 Março 2012
A Congregação para a Doutrina da Fé, com a aprovação do Papa Bento XVI, definiu como "insuficiente" a posição da fraternidade tradicionalista São Pio X (FSSPX) sobre certos princípios básicos e critérios doutrinais para a interpretação do ensino da Igreja.
A reportagem é de Cindy Wooden, publicada no sítio Catholic News Service, 16-03-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O cardeal norte-americano William J. Levada, prefeito da Congregação, reuniu-se por duas horas na última sexta-feira, 16 de março, com Dom Bernard Fellay (foto), superior da Fraternidade, para explicar a avaliação do Vaticano sobre a posição da FSSPX, disse o padre jesuíta Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano.
Em um comunicado formal publicado depois do encontro, o Vaticano disse que queria "evitar uma ruptura eclesial com consequências dolorosas e incalculáveis", de forma que Dom Fellay e as lideranças da Fraternidade foram convidados a esclarecer melhor a sua resposta a um "preâmbulo doutrinal" do Vaticano, que lhes foi apresentado para estudo em setembro passado.
O texto do preâmbulo não foi divulgado, mas o Vaticano dissera que ele "estabelece alguns princípios e critérios doutrinais para a interpretação da doutrina católica necessária para garantir fidelidade" ao ensino formal da Igreja, incluindo o ensino do Concílio Vaticano II.
Dom Fellay entregou a resposta oficial da Fraternidade em janeiro, disse o Vaticano, que foi "colocada sob o exame da Congregação para a Doutrina da Fé e, sucessivamente, sob o julgamento do Santo Padre".
"Em conformidade com a decisão do Papa Bento XVI", disse o comunicado, Fellay recebeu uma carta assinada pelo cardeal Levada, explicando que "a posição que ele havia manifestado não é suficiente para superar os problemas doutrinais que estão na base da fratura entre a Santa Sé e a Fraternidade".
Lombardi disse que Levada afirmou a Fellay que a Fraternidade tinha um mês para esclarecer a sua posição, a fim de curar "a fratura existente".
"Espera-se um esclarecimento posterior da Fraternidade para meados de abril", disse Lombardi. A Fraternidade recebeu "mais tempo para reflexão, para ver se algum passo a mais pode ser dado".
O porta-voz do Vaticano não deu exemplos dos pontos em que a Fraternidade São Pio X e o Vaticano ainda diferem, já que o preâmbulo original nunca foi publicado. Ele disse que o mês adicional dado à Fraternidade mostra que "o caso não está encerrado", embora a carta a Fellay deixe claro que a consequência de "uma não aceitação do que foi previsto no preâmbulo" seria "uma ruptura, algo muito sério para a Igreja".
Lombardi disse que o Papa Bento XVI deu muitos passos "para possibilitar uma reconciliação" com o grupo tradicionalista, incluindo o levantamento das excomunhões impostas a Fellay e a outros bispos da FSSPX, estabelecendo uma comissão vaticana para reuniões doutrinais com representantes da Fraternidade em 2009 e a elaboração do "preâmbulo doutrinal" para explicar os elementos "mínimos e essenciais" com os quais a Fraternidade teria que concordar para a plena reconciliação.
"Esperava-se uma resposta, ela não foi suficiente e, assim, agora [o Vaticano está dizendo]: 'Se vocês acham que há alguma coisa a mais que vocês gostaria de esclarecer, se você gostariam de refletir um pouco mais para esclarecer a sua posição, há mais um mês para fazê-lo'", disse Lombardi.
No fim de novembro, Dom Fellay disse: "Esse preâmbulo doutrinária não pode receber o nosso endosso, embora uma margem de manobra tenha sido permitida para um 'debate legítimo' sobre certos pontos do Concílio".
Quando as discussões doutrinais do Vaticano com a Fraternidade começaram em 2009, ambos os lados disseram que as principais questões a serem discutidas incluíam o conceito da tradição em geral, assim como o ensino do Concílio Vaticano II sobre a liturgia, a unidade da Igreja, o ecumenismo, o diálogo inter-religioso e a liberdade religiosa.
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Vaticano diz que resposta dos lefebvrianos foi ''insuficiente'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU